Os três primeiros anos da infância
Os três primeiros anos da infância formam o período de vida que o ser humano mais se desenvolve em um curto espaço de tempo. Constituem o alicerce que ficará para sempre registrado em nosso inconsciente e influenciará em toda nossa caminhada.
Através de movimentos constantes que tem início no momento do nascimento, passando pela lactação, pelos movimentos desordenados que levam ao conhecimento do próprio corpo, o bebê consegue no período do primeiro ano de vida sentar, engatinhar e colocar-se de pé, até que dê seus primeiros passos. O que nos mostra que aos poucos, o bebê outrora "desajeitado" vai se apropriando cada vez mais de seus movimentos corporais com intenção. Superando a força da gravidade e colocando-se em postura ereta, este pequeno ser começa a fazer a conquista do mundo através do andar, experimentando novos espaços, aos quais antes não tinha acesso: em cima/em baixo, frente/trás, direita/esquerda.

Após colocar-se de pé no mundo, adquirindo uma visão mais ampla de seu ambiente, a criança passa aos poucos a nomear tudo ao seu redor, iniciando em seu segundo ano de vida a conquista da linguagem. Inicialmente fazendo uso somente de substantivos (Juju), essa linguagem ganha adjetivos (Juju neném) e depois verbos (Juju quer biscoito), aumentando o vocabulário da criança e surgindo assim as primeiras frases, que demonstram que o pensar vai se organizando dentro dela.
Já por volta do terceiro ano de vida a criança começa a ter percepções de si mesma, percebe que mesmo muito ligada aos seus cuidadores, ela não é um deles. Acontece aí, a primeira tomada de consciência da própria existência, quando a criança se nomeia como 'eu' e não mais pelo próprio nome (Eu quero biscoito). Essa noção de autoconsciência é bem perceptível aos cuidadores, pois vem acompanhada da teimosia (fase de birras) e de muitos 'nãos', ditos incansavelmente pela criança.
Andar, falar e pensar se desenvolvem através da imitação, ferramenta que trazemos conosco e que nos é de grande valia, principalmente neste 1º setênio de vida. É imitando os adultos ao seu redor que a criança adquire estas três capacidades. Aqui não funciona o 'faça o que eu digo, não faça o que eu faço', precisamos ser o que queremos ver refletido em nossas crianças, somos sua primeira experiência social e interferimos diretamente em seu desenvolvimento.